Bem-vindos!

Sejam bem-vindos a este blog de uma brasileira que vive em Lisboa e "anda" por Portugal. Aqui vocês podem saber quais são minhas impressões desta terrinha lusa.
Lembrem-se: os meus textos estão escritos em português do Brasil, pois a maioria dos meus leitores é brazuca. Mas, com o passar do tempo, já cometo deslizes... Caraças, pá!

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Jerusalém, a terra prometida


Ultimamente, apesar dos afazeres, consegui retomar algumas leituras. Tenho frequentado uma biblioteca aqui perto e eles disponibilizam muitos livros. Resolvi aproveitar agora que tenho um pouquinho de tempo.
Minha última requisição foi Jerusalém, do Mia Couto. Nunca havia lido nada dele, mas já tinha ouvido falar muito bem. E foi surpreendente. O livro está repleto de frases emblemáticas, como “Não vale a pena viver num mundo desencantado” e “Quem ama, ama para sempre”. O texto nos faz parar e pensar na felicidade, no mundo à nossa volta, na convivência, na família, na loucura e no amor.
A história está longe de ser previsível e centra-se na decisão de um pai, que decide negar o mundo a si mesmo e aos seus filhos, instalando-se num refúgio que ele mesmo batiza de Jerusalém. Em Jerusalém, não há luz elétrica, não existem mulheres e a única fêmea é a burra Jezibela, que satisfaz os desejos carnais do pai. Os personagens têm nomes estranhos, mas peculiares.
No decorrer do romance, o feminino acaba por aparecer e se instalar em Jerusalém. E muda tudo. Vale a pena ler esse livro, que, apesar de recorrer à fantasia, é extremamente real no que toca aos sentimentos. Recomendo.

quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

Dia Engraçado

Hoje o meu dia foi engraçado. Digamos que “teve piada”. Acordei às 6h30 e liguei a TV. Soube que houve um sismo de madrugada e eu não senti. Foi forte (6.1. na escala Richter), mas ocorreu a 100km da costa portuguesa e foi sentido com pouca intensidade. Nada mais patético. Eu nunca presenciei fenómenos naturais deste tipo e, quando “surge uma oportunidade”, eu estou nos braços de Morfeu.
Superado o trauma de não ter sentido o sismo, parti para a Mealhada com o intuito de apanhar o meu trem para Almeirim, a terra dos maravilhosos melões portugueses, onde fui realizar uma entrevista de emprego. Fui tomar um cafezinho na estação, esse café maravilhoso que só há em Portugal, e escutei a voz da grande Alcione no rádio. “Não deixe o samba morrer, não deixe o samba acabar…” Comecei bem o dia. Já a cantarolar. Foi uma saudade feliz.
Na volta para casa, comprei uma revista semanal portuguesa que eu gosto muito – a Visão – para me entreter na viagem. Era uma edição especial, uma síntese da década dos anos 2000. Cá entre nós, uma década bem difícil de definir. Lá estava o Lula, representando o Brasil, definido como “a” potência emergente do momento. Só fiquei a pensar: Que “merda” de potência emergente é essa? Em termos económicos, pode até ser, mas e todo o resto? Nós, brasileiros, continuamos na mesma “merda” de sempre, desculpe o palavreado, mas é verdade. Os ricos cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais pobres. E a classe média? Desaparecendo… Não acho que a culpa seja do Lula, ele não tem superpoderes. Mas há uma inversão de valores e de prioridades em nosso país.
Voltei para a casa da minha avó e pronto: mais um evento engraçado: tive de colocar água anti-congelante no carro. Mais uma descoberta… Eu não sabia da existência disto. Pois é, no inverno, é preciso colocar uma água no carro que não congele! Sacou?

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

A Saudade é Masoquista

Guardo a minha saudade escondida. Envolta em um papel difícil de rasgar. Mas ele rasga-se de vez em quando. E ela surge… Imponente e masoquista. Acompanhada por lágrimas salgadas e por um choro contido. Do que foi e do que não foi.
Hoje, o estopim foi uma fotografia… Às vezes, penso que as fotografias são ferramentas de tortura que conservam a felicidade congelada… Acho que não vou mais tirar fotografias.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Até aqui?

Ontem choveu a cântaros por aqui… Foi um daqueles dias preguiçosos em que só dá vontade de ver filme na cama acompanhada de um cobertor bem quentinho e de uma tigela de pipocas.
Mas ontem aconteceu algo histórico... Que eu felizmente não vi.
Estava na cozinha comendo uma sopinha, quando de repente escuto barulho de mensagem no meu “telemóvel”. Fui ver, e a mensagem dizia: “É campeão! É campeão! Mengão!!!!”.
Inacreditável, não é? Os flamenguistas são chatos até deste lado do Atlântico!

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Rest in peace

Nunca mais vamos conversar sobre jornalismo. Sobre telejornais. Nem sobre a China ou sobre o Japão. Ele nunca mais vai ouvir com curiosidade as coisas que eu tenho a dizer sobre o Brasil. E eu nunca mais vou ouvir silenciosamente as histórias dele de quando era membro da Alta Autoridade para a Comunicação Social. Ou dos tempos do 25 de Abril. Das suas viagens com a esposa. As suas impressões do mundo…
Um homem de outro tempo. Um tempo sem computadores e sem e-mail. Um homem pouco adepto das novas tecnologias que passou uma eternidade sem celular. Um homem do tempo em que as pessoas fumavam e bebiam sem dor na consciência. Politicamente incorreto neste sentido, mas politicamente correto em muitos outros. Preconceito, por exemplo, não era com ele.
Uma das pessoas mais inteligentes e cultas que eu já conheci. Quando o ouvia falar, só pensava: um dia quero ter ao menos a metade do conhecimento que esse homem tem. E ele… Ele acreditou em mim. Dizia que eu parecia ser uma “miúda esperta”.
Descansa em paz, Joel. Portugal vai sentir muita falta de ti. E eu também.

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Problemas informáticos...

Esta semana foi punk… Meu lindo computador resolveu não salvar mais nada do que eu escrevo. Comecei a salvar no pen-drive. De repente.. Onde está o meu arquivo? Sumiu do pen-drive… E hoje… Hoje, eu quebrei meu pen-drive! Não me pergunte como.
Tenho de formatar o meu pc com urgência, mas estou quase entregando a tese e tenho de correr contra o tempo. Agora é assim, escrevo, salvo no pen-drive, imprimo, mando por e-mail… Não posso confiar nesta máquina.
Só penso nos dias que eu perdi… Estou tentando ver as coisas pelo lado bom, ainda bem que não perdi tudo e que tinha quase tudo impresso.
Mas, existe algum santo que cuide de problemas informáticos? Hehe.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

As Eleições Legislativas

Acabaram as eleições em Portugal. O grande vencedor das eleições legislativas foi o PS, o Partido Socialista, mas, curiosamente, todos os partidos se afirmam como vencedores. O CDS-PP se diz vencedor porque se tornou a terceira maior força política - para desespero dos imigrantes, diga-se de passagem, e o Bloco de Esquerda - BE porque teve um crescimento importante para um partido que tem apenas 10 anos de existência. O Partido Comunista Português - PCP, um dos mais antigos e tradicionais partidos portugueses perdeu espaço para o Bloco e para o CDS-PP. Mas o mais importante, para todos os partidos, foi a perda da maioria absoluta do PS.

Creio que, devido à teimosia e à arrogância já demonstrada pelo 1º Ministro, os partidos da oposição, agora com maior representação, serão apenas partidos de oposição. O "ser do contra" irá impedir que o país ande para a frente, pois inibirá o diálogo, mesmo que haja convergência de idéias e ideologias.

Eu já vi esse filme. No Brasil, se chamou mensalão. Só espero que aqui não aconteça o mesmo.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Salamanca


Olá, amigos!
Meu pai está aqui em Portugal e ontem tirei uma folga dos meus estudos e fomos para Salamanca, na Espanha. Salamanca é uma das cidades universitárias mais antigas de todo o mundo, e, além da universidade, também conta com muitas catedrais e conventos. Foi lá que foi filmado aquele filme 1492, que muitos de nós assistimos na escola.
A viagem foi ótima. Da casa da minha avó para lá demoramos cerca de três horas e não pagamos nenhum pedágio. Uma maravilha. Almoçamos em um restaurante tipicamente espanhol, comemos presunto cru como entrada e depois demos uma volta pela cidade. Em setembro, Salamanca está em festa. É a festa da cidade e iria haver um grande concerto na Plaza Mayor.
A impressão que eu tive da cidade não poderia ser melhor, deve ser uma maravilha estudar por lá. A cidade tem um aspecto dourado, devido a um material que foi usado na arquitetura.
As ruas são parecidas com as de Santiago de Compostela. Madri é mais efervescente, há mais pessoas nas ruas e mais movimento. Salamanca é mais calminha, mas a população é basicamente formada por estudantes e, pelo que eu li, a noite é agitada. Pretendo voltar lá para aproveitar realmente a cidade.
Agora é voltar ao trabalho!

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Vergonha...

Este post não é uma impressão lusa. Esse post é sobre um vídeo que eu vi hoje. Ou melhor, eu tentei ver um vídeo, mas não consegui vê-lo até o fim. Estou chocada, enojada, envergonhada e mais todos os adjetivos do gênero que vocês possam imaginar.
Soube de uma notícia hoje sobre uma professora primária baiana que foi expulsa do colégio onde lecionava em função de ter sido filmada a “dançar” em um show de um grupo de axé. Fui ver o tal vídeo, é este que está no fim do post.
Todos nós sabemos que este tipo de coisa acontece sempre, mas não é por isso que eu deixo de ficar incrédula. Esta imagem desta mulher, que dá aulas em uma escola, dançando dessa forma no palco é, no mínimo, detestável. Eu só fico a pensar no que essa pessoa pensa… No que ela está pensando? E sinto vergonha. Vergonha de ver essa mulher adulta contorcer-se no palco. Vergonha alheia. Parece uma égua a dar coices. Isso é bonito? Isso é sexy? Isso é sensual? O que estas pessoas estão olhando? Para mim, isso é nojento e grotesco.
Depois de tantas lutas feministas, é muito triste ver uma cena destas. Eu não consegui ver a imagem até o fim e acho que, se fosse editora de algum canal de televisão, não exibiria este vídeo.
Acima de tudo, esse tipo de comportamento só piora a imagem da mulher brasileira no exterior. O nosso país já vive, e muito, de turismo sexual. A brasileira dificilmente é tratada com respeito, e esse tipo de comportamento só colabora com o preconceito.
Viva Leila Diniz! Esta sim foi uma mulher de atitude.
E, como disse Drummond,
“Sem discurso nem requerimento, Leila Diniz soltou as mulheres de vinte anos presas ao tronco de uma especial escravidão”
Será que adiantou?



terça-feira, 25 de agosto de 2009

Aviso

Quero avisar meus amigos e leitores que este blog, provavelmente, ficará um pouco abandonado por estes dias... Minha vida é só tese, tenho idéias para escrever sim, mas me falta tempo. Quero arrasar!!! Depois conto tudo. Beijocas estaladas!

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Desculpe, Grão de Areia!

Meu caro leitor, você tem toda razão. Faz muito tempo que não escrevo, "supostamente" tenho de entregar a minha tese de mestrado no dia 14 de Setembro, e minha vida está muito atribulada. Ando às voltas com o SPSS e com as minhas estatísticas… Mas tenho que parar com minhas desculpas e manter este blog na ativa!
Dê uma olhadinha no post aí abaixo e depois diz-me o que você achou.
Não consigo configurar o vídeo, está muito grande e está destruindo o template da minha página, mas vou pesquisar isto logo que for possível.

Meu Querido Mês de Agosto

No Brasil, o mês de agosto é conhecido como o mês do desgosto. Aqui em Portugal, agosto é mês de festa, de família reunida, de bailaricos por todo o lado, de notícias sem importância nos jornais. Os “avecs”, também chamados “françugueses” invadem as aldeias com seus carrões trazidos do exterior e presentes. É mais um mês da “silly season”, de acidentes nas estradas e de multas por alta velocidade.
Os portugueses emigrantes que vivem, em sua maioria, em Andorra, França e Luxemburgo retornam à terrinha, às suas aldeias, e isto é mais do que um motivo para muitas festas locais, regadas à caldo verde, pão com choriço e música “pimba”, o brega daqui.
Para completar essa atmosfera festiva, é o auge do verão. As temperaturas beiram os 40º neste verão seco. Não chove nunca!
Na semana passada, a RTP, a emissora de televisão pública portuguesa, esteve na Curia, onde a minha avó mora, para um programa de verão. Um cantor chamado Emanuel esteve presente e minha avó ficou “maravilhada”.
O homem canta uma música com um duplo sentido nojento, que diz: “Meu carro é velho, mas tudo bem, pra namorar é o melhor carro do mundo / Meu carro é velho, mas meu amor gosta que eu meta bem lá no fundo”…. Bem, sem comentários para esta letra, mas eu fiquei pensando: será que a minha avó não se toca a respeito do que ele realmente quer dizer nesta letra estúpida? Ou será que eu tenho a mente “badalhoca”, pá?
Deixo vocês com um vídeo e com a letra de um dos maiores sucessos de Emanuel, um dos reis do “pimba” português. E eu sei que eu estou devendo o post sobre o Quim Barreiros…

quinta-feira, 23 de julho de 2009

Meu primeiro off oficial

Amanhã, gravo meu primeiro off oficial. Para quem não sabe, off no jornalismo é aquela voz que fica pelo fundo das imagens. Já escrevi o meu texto, já escolhi as imagens que quero usar, coordenei o texto com as imagens, mas o que realmente me causa medo é a gravação desse off. Sempre trabalhei em jornalismo impresso e televisão é algo novo para mim.

Meus companheiros da PUC devem se lembrar bem de uma disciplina chamada “Técnicas de Comunicação Oral”. Tínhamos aula com um fonoaudiólogo e passávamos aulas e aulas repetindo trava-línguas e prestando atenção ao diafragma e à respiração. Agora cá estou eu reaprendendo a colocar a voz. Hoje ainda farei alguns “exercícios vocais” e espero que amanhã me safe bem. Assim que minha matéria for ao ar, eu coloco aqui o link para vocês verem.

Mentalizem sucesso para mim!

PS: Decidi colocar um dicionário para os portugueses que lêem meu blog. Sempre que eu escrever algo em português do Brasil, coloco abaixo os nomes em português de Portugal.

Dicionário para tugas

Fonoaudiólogo: Terapeuta da fala
Matéria: Peça

quinta-feira, 16 de julho de 2009

"Under Pressure"

Eu: "Ando louca com a tese".
Amiga doutoranda: "Tese sem estresse não tem graça".

Pois é, acho melhor ouvir a voz da experiência...

segunda-feira, 13 de julho de 2009

O que é, o que é?

Outro dia, uma pessoa me disse que não sabia o que era o amor. E eu decidi escrever o que é, para mim, o amor. Nos dias de hoje, todos dizem eu te amo. É até nome de filme, mas, para amar, não é preciso dizer “eu te amo”. Para amar, só é preciso ter um coração liberto.
A gente sabe que ama quando tudo é mais interessante e divertido com aquela pessoa ao lado. Quando você pensa no que ela diria se estivesse presente quando ela não está. Quando compramos uma prenda sem motivo, só por lembrança. Quando a gente sente vontade de compartilhar os sucessos, as perdas, o café, a cama e a sobremesa. Quando tudo começa a ter mais graça. Quando nos achamos mais belos e confiantes. Quando existe um lugar secreto que é o melhor do mundo. Quando os problemas tornam-se mais “superáveis”. Quando o sexo é feito com carinho e dedicação recíproca. Quando pensamos que o tempo poderia parar em determinados momentos. Quando fazemos planos absurdos mesmo sabendo que eles não vão dar certo, quando pensamos em nomes para filhos, quando pensamos em como seria ter um apartamento nosso e quando ficar na cama vendo filme e comendo pipoca é o máximo. E também quando pensamos se o outro seria um bom pai ou uma boa mãe.
Não existe um protótipo e não existem príncipes nem princesas. Também não acredito em um único amor durante uma vida inteira, mas isso que eu falei existe porque eu sei. Eu já amei e quero amar muito ainda. E você?

quinta-feira, 9 de julho de 2009

A Orquestra Imperial


No último domingo, fui aos jardins da Fundação Calouste Gulbenkian assistir a um concerto da nossa Orquestra Imperial. Foi só nostalgia e saudade. Muitos brasileiros entre o público, é verdade, mas muitos portugueses também. Foi no anfiteatro e o show começou com todos sentadinhos... Lá pelo meio, ninguém resistiu. E já estavam todos descalços sambando.
O repertório foi composto de muitos sucessos: Chico Buarque, Noel Rosa e muito mais. É tão bom ouvir o português do Rio de Janeiro! Senti-me em casa novamente. Até o Wilson das Neves apareceu por lá como convidado para cantar o samba.
A festa não acabava... Quase três horas de concerto. E terminou bem. Com "Eu bebo sim.. Estou vivendo.. Tem gente que não bebe e está morrendo..." Amarante fingindo-se de bêbado, Moreno Veloso e Nina Becker sambando e eu... Eu estava suada e feliz! E cantarolava "Sonho meu, sonho meu... Vai buscar quem mora longe... Sonho meu..."

quinta-feira, 2 de julho de 2009

Jujuuuuba!


Jujuba! Nunca mais esqueço. Jujuba! Palavra fofa de se dizer e guloseima boa para comer. Aqui em Portugal, jujuba chama-se goma. Ontem, esqueci-me como se dizia goma em português do Brasil. Foi um branco assustador. Antes de dormir, meu inconsciente começou a trabalhar sozinho e ouvi uma voz a sussurrar: Jujuuuba… Será que isso é algum sinal? Dá para jogar no jogo do bicho?

sábado, 20 de junho de 2009

Lisboa 35º

Faz um calor infernal em Lisboa. Não chove. Só esquenta. E não. Eu não tenho ventilador. Por incrível que pareça, nunca tive um ventilador em Portugal. De amanhã não passa. Amanhã eu compro um ventilador.

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Com que roupa eu vou?

No Brasil, nosso armário normalmente comporta todas as nossas roupas. Aqui, não é bem assim, pois roupa de frio ocupa muito espaço.

A cada estação do ano, tenho que fazer uma mudança nas roupas que ponho no guarda-roupa, mas como por aqui a organização passa longe, tenho de ir à casa da minha avó buscar minhas roupas de verão que estão por lá. O calor chegou de repente! Os últimos cinco dias têm sido de muito sol e calor, a primavera deu as caras, e a grande questão que se impõe é: com que roupa eu vou? Na minha cabeça, só surgem perguntas estúpidas, como: “Será que já posso sair sem casaco? Será que já posso usar sandálias?”

Racionalmente falando, não, ainda não posso usar sandálias. O inverno destrói meus pés… Preciso ir à manicure com urgência. A estação mais fria do ano produz efeitos devastadores. Depois de meses enclausurados em botas e sapatos, meus pés tem calos, as unhas dos mindinhos continuam curvas (acho que isso é para sempre), o dedão tem unha encravada, enfim, é o caos.

Isso tudo sem falar na minha cor de escritório. Tenho até vergonha em colocar uma blusa sem mangas com esses braços tão brancos. Preciso ir à praia. Fato.

A Queima das Fitas

Todos os anos, no primeiro fim-de-semana de maio, a cidade de Coimbra recebe uma grande festa: a Queima das Fitas. Este ano, o evento comemorou 110 anos, e eu estive lá para conferir como é a festa acadêmica mais tradicional de Portugal. A Queima de Coimbra é o segundo evento europeu que mais vende cerveja, só perde pra Oktoberfest na Alemanha. Já dá para imaginar a loucura, né?

A “megafesta” reúne diversos eventos, entre eles a serenata, o cortejo, o baile de gala, jogos, convívios, jantares de fim de curso e as noites no parque. Estas contam com shows de diversas bandas, além de tendas com diversos tipos de música, do rock à música eletrônica. Nesta semana, os alunos que estão terminando o curso se despedem da cidade e da universidade.

Os concertos realizam-se ao pé do Rio Mondego. Para quem não sabe, o Mondego é um enorme rio que corta a cidade. Aqui em Portugal, parece que todas as grandes cidades são banhadas por um rio: o Porto pelo Douro, Lisboa pelo Tejo e Coimbra pelo Mondego…

Durante a queima, muitos alunos tiram do armário os seus trajes acadêmicos. Os meninos usam uma calça social preta, camisa branca e sapatos, gravata e colete também pretos. Por cima, uma capa preta até os pés. O traje feminino é igual só que, em vez de calças, a ala feminina veste saias na altura dos joelhos. Os acessórios também não passam despercebidos. Os brincos têm de ser de algum metal nobre, como ouro ou prata. Na minha opinião, os trajes dão um charme à festa. Mas de manhã… Ah… De manhã, só se vêem capas estendidas no chão. São pessoas!

O famoso cortejo acontece no domingo e começa às 14h, mas eu não pude ir. Pelo que me contaram, o cortejo é um desfile de carros de estudantes que distribuem bebida e comida de graça! Pois é, o domingo da Queima é um longo dia… Ainda mais porque também tem Quim Barreiros no Parque. Quem é Quim Barreiros? Bem, este é um assunto para outro post.

segunda-feira, 23 de março de 2009

A Crise

Todos os dias, vejo a famosa “crise” e suas consequências no telejornal. Só falam nela. Na “maldita”. Se consultarmos algum economista, ele provavelmente nos dirá que a crise é natural. Que sempre foi e que sempre será assim. Que a economia baseia-se nessa idéia dos ciclos, que sempre há períodos de crise e outros de desenvolvimento económico.

Leio matérias e mais matérias que ressaltam a importância da crise em nossas carreiras, afirmando que a “maldita” representa um momento crucial na definição do nosso futuro. Que ótimo… Como se não bastasse o fato de eu fazer parte de uma geração naturalmente prejudicada, que não viveu o crescimento económico e que tem de lutar com unhas e dentes por um lugar ao sol, agora tenho de “repensar” meus planos? Para completar, escolhi uma profissão que gosto, mas que não me dá perspectivas futuras, afinal, jornalista é tudo f… Hehehe.

Esse cenário nada animador produz em mim uma profusão de sentimentos e sensações ruins: angústia, impotência, incapacidade, incerteza e medo. O que eu mais queria agora era ter certezas. Era garantir meu sustento. Ainda não foi possível. Já passei dos 25 e espero chegar lá. O pior é que eu sei que o Obama não vai me salvar. Não sei como caímos nessa balela de “american dream”. Quem foi que nos convenceu?

sábado, 7 de março de 2009

O primeiro assalto a gente nunca esquece

Hoje, saí com minhas amigas para comemorar o Dia Internacional da Mulher. Fomos a um jantar na casa de uma delas e depois fomos ao Bairro Alto. Quando chegamos lá, já era um pouco tarde, por volta da 1h. Até então, estava tudo uma grande festa, encontramos até uma atriz portuguesa por lá. Em seguida, os bares começaram a fechar, e o ambiente começou a ficar estranho. Éramos cinco meninas e encontramos uns amigos... E sabe como é, o povo bebe e perde a noção do tempo. Nada do pessoal ir embora. Ficaram horas decidindo para onde iríamos e eu já estava perdendo a paciência. Até que eu, com meu instinto de sobrevivência carioca (hehe), notei que começou a aparecer um pessoal meio esquisito e pensei com meus botões: hora de zarpar! E dei um toque nas meninas. Não deu outra. Pancadaria da feia. Mas escapamos. Quando estávamos indo embora, a polícia já estava a caminho.
Decidimos que iríamos a uma discoteca ali perto e descemos. Uma das meninas, já com os copos, decidiu fazer xixi na rua, essas inconsequências que os bêbados cometem. Outra menina foi acompanhá-la. Até agora me arrependo de tê-las deixado para trás. Não devia ter feito isso, mas essas inconsequências dos bêbados às vezes me irritam. Custava esperar chegar à discoteca? Mas bem, ficamos lá na porta e nada das meninas. Ligamos loucamente... E nada. Rejeitavam as chamadas…. Depois de amaldiçoar nossas amigas, ficamos preocupadas e decidimos ver o que tinha acontecido. Um grupo de caras juntou as duas e levou dinheiro e celulares.
O assalto foi mesmo ao pé do carro da polícia. Mas como policial é igual em todo lugar do mundo, eles disseram que não podiam fazer nada, que elas só podiam prestar queixa. Encontrei uma de minhas amigas aos prantos. Ela começou a dizer que foi um grupo de pretos. Naquele momento, eu tentei abstrair o racismo que eu sei que ela tem e que me incomoda tanto e tentei entender que ela estava passando por um momento difícil. Começou a gritar que odiava pretos… Terrível. Eu disse a ela que os negros cometem mais crimes porque são mais pobres e têm menos oportunidades. Mas esse não foi o melhor momento para conversarmos isto. Deixa para a próxima.
Deixando de lado as questões racistas, eu comecei a me lembrar do primeiro assalto que sofri, pois o assalto de hoje foi o primeiro da minha amiga. Lembrei-me nitidamente como entrei em prantos, de como comecei a chorar e soluçar e de como me senti impotente. Principalmente, como fiquei com medo de morrer. Porque o meu primeiro assalto foi à mão armada, como todos os outros. Só pensava que podia ter morrido ali, naquele momento. Que a vida é efémera e que pode acabar a qualquer momento.
Eu sei que a minha amiga nunca mais vai caminhar nas ruas com a tranquilidade de antes. Eu nunca mais consegui. Mas sinto inveja dessa inocência que se perdeu hoje. Inocência que eu não tenho há muito tempo. Ando sempre atenta. Como um cidadão de qualquer metrópole mundial.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Coimbra, a cidade dos estudantes

Coimbra tem muitos encantos. Só quem conhece para contar. Não é como Lisboa, a capital, a cidade grande. Coimbra tem apenas 150 mil habitantes e é uma cidade de estudantes. No verão, não há quase ninguém a viver lá. Mas, durante o período de aulas, aquilo ferve.
Sei que já estou meio velha para falar de “espírito universitário”, mas eu fiquei emocionada com algo que vi e ouvi outro dia. Saí à noite em Coimbra durante a semana. A noite começou em um café como qualquer outro. Depois fomos ao bar da Associação de Estudantes de Coimbra. Fui de penetra, pois só é permitida a entrada de estudantes da Universidade de Coimbra. Mas consegui entrar. Neste bar, os finos (chopes) são vendidos a 50 cêntimos até a 1h, metade do preço normal. Dá para imaginar a loucura? Pois é. Loucura mesmo. Aqui o chope demora mais a esquentar, então as pessoas pedem vários de uma vez.
Nas paredes da Associação, há muitas fotos da época das manifestações estudantis e da luta contra o regime autoritário. Todos com seus trajes. Os trajes são uns fatos com umas capas que os estudantes usam em dias especiais. São iguais aos do Harry Potter para explicar melhor. Hehehe. Mas o das meninas é com uma saia na altura dos joelhos.
Fora estes detalhes, achei a Associação um bar como qualquer outro. Muitos estudantes, muita bebedeira e muitos alunos do Erasmus, o programa de intercâmbio entre os jovens europeus. Mas, no fim da noite, as músicas habituais cedem seu lugar para a tradição. Todos os dias, a Associação de Estudantes de Coimbra encerra a noite com o fado “Balada da Despedida”. O fado exalta a qualidade, os segredos e os mistérios da cidade dos estudantes. As pessoas se abraçam e cantam efusivamente. Algumas até choram, principalmente as que estão terminando o curso. É lindo. Dá mesmo vontade de chorar.
Vou colocar aqui um vídeo da música e a letra para vocês acompanharem.

Balada da Despedida

Sentes que um tempo acabou
Primavera de flor adormecida
Qualquer coisa que não volta, que voou
Que foi um rio, um ar, na tua vida

E levas em ti guardado
O choro de uma balada
Recordações do passado
O bater da velha cabra

Capa negra de saudade
No momento da partida
Segredos desta cidade
Levo comigo p'ra vida

Capa negra de saudade
No momento da partida
Segredos desta cidade
Levo comigo p'ra vida

Sabes que o desenho do adeus
É fogo que nos queima devagar
E no lento cerrar dos olhos teus
Fica esperança de um dia aqui voltar

E levas em ti guardado
O choro de uma balada
Recordações do passado
O bater da velha cabra

Capa negra de saudade
No momento da partida
Segredos desta cidade
Levo comigo p'ra vida

Capa negra de saudade
No momento da partida
Segredos desta cidade
Levo comigo p'ra vida

O Carnaval

O Carnaval já passou faz tempo, mas eu demorei para escrever este post. Peço desculpas, andava às voltas com a minha dissertação.
Passei o Carnaval na Mealhada, fica na região centro de Portugal, no distrito de Aveiro, e tem um carnaval famoso, mais parecido com o nosso. A música é brasileira. Sambei até me acabar, algo que há tempos não fazia. Partido alto, samba e até axé. Hahaha. Eles promovem desfiles à tarde, têm escolas de samba e sempre convidam um artista brasileiro. O Oscar Magrini está sempre lá, mas vários outros já foram, entre eles, a Marieta Severo, o Murilo Benício e até mesmo o Reynaldo Gianecchini. Todas as meninas contam como ficaram loucas com ele! Mas, esse ano, a grana era pouca, e o ator convidado foi o Max Fercondini. Alguém sabe quem é?! Hehehe.
Bem, eu não vi os desfiles, só fui para lá à noite. As pessoas se fantasiam e essa é a parte mais divertida. Como é frio, dá para caprichar na fantasia. Tinha um cara vestido de vaca, com aquela roupa quentíssima! Tinha até umas tetas na barriga. Eu não tive tempo para arrumar uma fantasia diferente e acabei indo de cowboy. Nada original, eu sei, mas foi o que deu para arrumar.
No fim das contas, o balanço que eu tirei é que Carnaval fora do Brasil não existe. As pessoas não têm o mesmo espírito, e a animação, definitivamente, não é a mesma. Mas me diverti, sambei bastante e fui dormir de manhã. Mas, o melhor desse Carnaval foi a União da Ilha ter subido. Fiquei muito contente, com vontade de ser teletransportada para o Cacuia.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

A Moda

Sabe aquela regra básica de moda que você aprendeu com sua mãe ou até mesmo com a sua avó que a bolsa tem que ser da mesma cor que o cinto e o sapato? Então.. Aviso a todos que isso é out!!!! É só assistir ao Esquadrão da Moda /What Not To Wear que vocês vão constatar quem hoje em dia, isso não se usa mais. É over!!! Você pode usar uma bolsa azul com um sapato marrom, por quê não? E marrom também combina com preto, devidas as proporções!!!
Isso é só para dizer que eu acho as portuguesas, no geral, muito “combinandinhas” neste quesito. Eu ando por aí com minha bolsa branca ou a azul e sapatos de outras cores e acho o máximo! Mas é claro que sempre deve haver bom senso nas combinações! Ou será que você comprou uma bolsa toda fashion com estampa de leopardo e comprou uns sapatos para combinar? E anda por aí meio que fugida do zoológico?

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

TV Lá e TV Cá

Sempre assisti às novelas brasileiras e, sinceramente, nunca tive vergonha de admitir isso, afinal, cultura de massa também é cultura, e penso que, no Brasil, as novelas têm um impacto social tão grande que é impossível evitá-las. De que adianta viver em uma “bolha”? É impossível negar que as telenovelas tocam em pontos sociais importantíssimos e despertam discussões na sociedade. Quem não se lembra da Mel, de O Clone? Essa personagem fez com que os pais finalmente olhassem para os seus filhos. Este é apenas um exemplo, entre muitos outros.
Aqui em Portugal, as novelas também fazem muito sucesso. As brasileiras continuam a passar aqui e eu as assisto, é claro. No momento, estou acompanhando os últimos episódios de “A Favorita”.
A emissora portuguesa TVI resolveu, já há algum tempo, investir pesado no ramo e as novelas portuguesas conseguiram bater as brasileiras na briga pela audiência. O que é muito lógico, pois estas retratam uma realidade bem mais próxima da portuguesa. Eu, pessoalmente, não consigo me habituar às telenovelas portuguesas, elas dificilmente me agradam, talvez pela diferença cultural, mas fico espantada com as “modernices”.
A emissora SIC está exibindo uma novela chamada “Podia Acabar o Mundo”, que conta com duas personagens lésbicas: uma estudante e outra médica, acho eu. E elas se beijam de verdade na telinha! Não são aqueles beijos fakes e insossos que nós já vimos nas telenovelas brasileiras. São beijos reais! Acho o máximo e quero, por meio deste humilde post (Hahaha), parabenizar os portugueses. Não entendo porque isso ainda não aconteceu no Brasil. Nós nos dizemos tão liberais, mas a televisão continua a ser careta e reacionária, só não o é quando é o caso de mostrar bundas e peitos.
Além disso, um canal de televisão pública português, a RTP 2, exibe duas séries americanas bem polêmicas: “Weed” e “The L World”. Mais um ponto a favor das emissoras portuguesas! Alguém consegue imaginar a TVE ou a TV Cultura a exibir esse tipo de programas? Eu não.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Ãhn?!?

Ontem, ouvi um comentário de uma estudante de Engenharia Civil da Universidade de Coimbra que me deixou completamente atônita. Ela simplesmente disse assim: “Não gosto de amarelos”, referindo-se aos orientais, com a maior naturalidade do mundo, como quem diz que não gosta de azeitonas ou de cogumelos! Perguntei porque e ela respondeu-me com a mesma ignorância: “Porque não gosto de amarelos”, como se eles fossem seres diferentes dela, uma espécie de aberração, sei lá. Tentei falar na boa, mas não dá. Antipatizo. Quando ouço um comentário desse tipo, antipatizo para sempre.
Mantive o controle, respirei fundo e tentei relevar. É a postura que tenho que adotar para manter relações sociais em outro país, afinal, não sou daqui, e, muitas vezes, não sei como agir em uma situação dessas. Tento argumentar na boa, mas sem criar constrangimentos. Mas de uma coisa tenho certeza. Se fosse no Brasil… Acabava com ela.

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

O Rio

Essa semana, estava falando com um pessoal do Brasil no msn e fiquei pensando na vida… Um deles quase foi assaltado voltando do trabalho, a outra ficou na fila do metrô nada menos que uma hora para comprar o bilhete no dia da chuvarada, o outro estava a dizer que não havia ônibus circulando na Zona Sul no mesmo dia. Tudo isso sem falar no estado dos nossos hospitais públicos, na corrupção, nas favelas, na miséria e em tudo que existe de ruim na nossa Cidade Maravilhosa, que, sinceramente, já não sei se é tão maravilhosa assim.
Morro de saudades da minha cidade, do Rio de Janeiro. Tenho certeza absoluta que não existe noite melhor que a da Lapa, que não existe um povo tão alegre e que não existe nenhuma metrópole no mundo com tanta beleza natural. Outro dia, conheci um português que já viajou o mundo todo, a trabalho e por lazer, e ele me disse, com convicção: o Rio de Janeiro é a cidade mais maravilhosa que eu já conheci. Depois, começou a me falar dos passeios que fez, dos restaurantes que foi, das discotecas… Bem, ele jantou no Mistura Fina, fez o passeio de helicóptero da Lagoa, foi para a Nuth, enfim, só coisa de pobre, né? Mas, como boa suburbana, eu sei que, no Rio, mesmo com pouco dinheiro, a gente se diverte. E muito.
Mas por causa disso a gente tem de se habituar a toda a merda que acontece na nossa cidade? Se habituar à violência? Sair de casa com medo? Nós somos guerreiros sim, todo dia na nossa cidade é uma luta, uma guerra. A gente sai de casa sem saber se volta. Sinceramente, não sei mais se “sou brasileira e não desisto nunca” ou se “sou brasileira e já desisti”. Afinal, o que vale mais? A segurança e ato de andar na rua sem medo ou a alegria do nosso povo e os amigos? Eu estou cansada e não sei mais se consigo me habituar à violência carioca.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

2009 tem de ser o meu ano!

Este ano, termino a minha dissertação de mestrado. Como ela anda? Bem, um pouco mal das pernas… Meus professores de Metodologias de Investigação avisaram-me a respeito dos imprevistos que surgem no decorrer de um trabalho de investigação. Não levei muita fé, mas pronto… Quebrei a cara! Tenho de recolher uma amostra dos telejornais que irei analisar e minha amostra está toda furada!!! Estou cheia de medo de falar com meu orientador, mas dessa semana não passa. Reunião marcada para quarta-feira. Provavelmente, terei de refazer toda a minha amostra, ou seja, todos os telejornais que já gravei não irão servir-me de nada! Sinto-me nervosa, meu olho direito já começou a tremer sozinho, e eu já sei que isso é sintoma de estresse. Mas, como não tenho alternativa, irei utilizar uma nova amostra. Ainda tenho tempo. Como sou brasileira, otimista e acredito em Astrologia, tenho certeza que tudo vai acabar bem, conforme afirma minha revolução solar, ou seja, o mapa astral do meu ano. Fora isso, até que estou adiantada. Agora, tenho de fazer uma amostra séria, arrumar um emprego também sério e tocar minha vida. Essa vida de mestranda… Está a acabar comigo.
Observação: Já não sei mais como escrever. Quando cheguei a Portugal, tive de aprender a escrever como os portugueses. Agora, tenho de esquecer o português do Brasil, esquecer o português de Portugal e aprender o português do acordo ortográfico. Posso surtar?!?

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

O "português de Portugal"

Já fui a algumas entrevistas de emprego para jornalista aqui em Portugal. Notei um certo tom de desconfiança por parte dos empregadores em virtude do fato de eu ser brasileira. Talvez eles pensassem que eu não estava completamente familiarizada com o “português de Portugal”. Entendo perfeitamente a preocupação deles, embora ache tudo isso um pouco injusto.
Mas o meu post de hoje não é sobre isso. Sempre ouvimos, em nosso país, que o brasileiro fala e escreve mal o português. Aqui em Portugal, dizem que falamos “brasileiro”. De início, achei a expressão um pouco esquisita, desconfiada e até mesmo preconceituosa, mas, depois de um ano em Portugal, sinto orgulho por falar “brasileiro”. É bonito. É delicado. É “português com açúcar”.
Não quero comparar o ensino público português com o brasileiro, pois tenho certeza que esta comparação não é possível. Mas posso dizer que eu, assim como vocês, amigos e leitores, pertencemos a um grupo de brasileiros privilegiados, que, em sua maioria, estudou em escolas particulares e teve um ensino, digamos no mínimo, razoável.
Se alguém me perguntar se eu acho que os portugueses falam melhor que os brasileiros, eu direi, sem pestanejar: não! Ambos os povos falam muitas coisas erradas, embora os erros sejam diferentes. Mas as próprias regras gramaticais, muitas vezes, são diferentes.
Em Portugal, as pessoas dizem “mais pequeno”. E ninguém se espanta! Também dizem “a gente vamos, a gente comemos e por aí vai”… Farto-me de rir às vezes… Esses erros são absurdos para qualquer brasileiro que tenha um pouquinho de instrução, certo?
Não quero parecer o Professor Pasquale a falar, mas a regência dos verbos muitas vezes é diferente! O certo aqui é “eu preciso de escrever!”. No Brasil, o verbo precisar só pede preposição quando está ligado a um substantivo, como “eu preciso de uma caneta”. Agora, em “brasileiro”, “eu preciso escrever” é o correto.
O verbo chamar também tem uma regência diferente. Nós, no Brasil, dizemos: “eu o chamei de chato”. Aqui, o verbo chamar não tem preposição. É “eu o chamei chato”. É assim que diz a gramática.
Outra coisa que me causa muito espanto é o uso absurdo de pronomes!!!! É supernormal ouvir frases como “dou-te a ti”, “disse-lhe a ela” e muitas outras nesse gênero. Pô, peraí…. “Dou-te a ti???” É demais para mim. “Dou-te” e ponto. O tu já tá na frase… “Disse-lhe” e ponto. O ela já está ali… Às vezes, só me lembro do Odorico Paraguaçu, de o Bem-Amado, que queria falar “bonito”. Falar bonito é coisa de político. Falar bem é falar de forma clara!!!! Amigos portugueses, vamos matar todos esses pronomes redundantes do português de Portugal, por favor! Isso é quase igual a praga do gerundismo no Brasil.
Bem, esse textinho foi só para vocês saberem que não é só no Brasil que assassinam o português. Aqui também. E o pior é que a maioria das pessoas não têm essa noção, penso eu.