Olá, amigos!
Tenho percebido algumas dificuldades que os portugueses enfrentam por aqui. Eles estão no grupo dos países menos desenvolvidos da União Européia e tem uma das taxas de desemprego mais altas do bloco, algo em torno de 8%. Não é nada se compararmos ao Brasil, mas, pra eles aqui, é muito alta. Portugal recebeu elevados investimentos financeiros logo que aderiu à União Européia, mas este privilégio está prestes a acabar. Os próximos beneficiários serão os países do Leste. É este o atual medo dos portugueses: parar de receber este auxílio.
Um dos motivos que aumentam o desemprego é o seguro-desemprego! Um desempregado português pode receber esse benefício por até três anos! É sério. Você pode ficar três anos sem trabalhar e ficar recebendo esse seguro. E muita gente faz isso. Arranjam um emprego de telemarketing, ficam por lá seis meses, são demitidos e ficam três anos recebendo dinheiro do governo.
Em compensação, eles não recebem aquela grande quantia referente à rescisão e ao nosso FGTS. Não podem sacar o FGTS para dar entrada em uma casa, por exemplo. Os imóveis são muito caros. Um apartamento de dois quartos em Lisboa custa não sai por menos de 200 mil euros, e eles não têm como dar uma entrada razoável. Dessa forma, precisam parcelar o valor integral e pagam suas casas em até 50 anos. No Brasil, a Caixa Econômica Federal parcela um imóvel em, no máximo, 30 anos. Cinquenta anos é muita coisa. Eles não sabem nem se estarão vivos quando acabarem de pagar o parcelamento. Além disso, as parcelas não são fixas, variam de acordo com uma taxa de juros da União Européia. Você pode começar pagando 300 euros por mês e ter que pagar 500 euros no mês seguinte. Também é possível pagar parcelas fixas, mas elas podem se estender por tempo indeterminado se a taxa de juros da UE assim determinar. É bem complicada essa situação.
Em função da alta taxa de desemprego, é comum culpar os imigrantes com aquele discurso simplista que diz: "os imigrantes tomam nossos empregos!" Mas não é bem assim. Um imigrante, normalmente, faz o trabalho que um português ou um europeu não quer fazer. Na minha opinião, a Europa não tem futuro sem os imigrantes. A taxa de natalidade deles é muito baixa e as pessoas estão vivendo cada vez mais. Eles também têm um rombo na previdência. A Espanha, por exemplo, resolveu o problema da previdência incentivando a imigração.
Há muitos imigrantes dos países africanos que foram colonizados pelos portugueses por aqui. Eles são do chamado PALOP (Países Africanos de Língua Portuguesa). Eles vivem à margem da sociedade, mas o governo português dá alguns subsídios para eles virem pra cá. Todos falam o português, mas é comum ver grupos de africanos conversando em crioulo no metrô. Os portugueses os criticam, dizem que eles não se integram à sociedade por não falarem o português. Já rolou na Internet um boato, afirmando que estes grupos queriam criar espécies de guetos em Lisboa. Muitas pessoas referem-se aos africanos como os "pretos". Sinceramente, acho isso bem esquisito, acho que no Brasil lidamos melhor com a miscigenação. Por aqui, não se vêem pessoas "misturadas" como no nosso país. Há os pretos e há os brancos. O mais engraçado é que os portugueses foram para o Brasil e fizeram filhos com as índias, com as escravas... Ainda não entendi porque não é assim por aqui.
Mas não pensem que estou falando mal da sociedade portuguesa. Eles têm defeitos e qualidades como nós, que precisam ser resolvidas. Este meu texto é só uma tentativa de mostrar um olhar estrangeiro sobre uma sociedade que é diferente da nossa.