Bem-vindos!

Sejam bem-vindos a este blog de uma brasileira que vive em Lisboa e "anda" por Portugal. Aqui vocês podem saber quais são minhas impressões desta terrinha lusa.
Lembrem-se: os meus textos estão escritos em português do Brasil, pois a maioria dos meus leitores é brazuca. Mas, com o passar do tempo, já cometo deslizes... Caraças, pá!

sábado, 7 de março de 2009

O primeiro assalto a gente nunca esquece

Hoje, saí com minhas amigas para comemorar o Dia Internacional da Mulher. Fomos a um jantar na casa de uma delas e depois fomos ao Bairro Alto. Quando chegamos lá, já era um pouco tarde, por volta da 1h. Até então, estava tudo uma grande festa, encontramos até uma atriz portuguesa por lá. Em seguida, os bares começaram a fechar, e o ambiente começou a ficar estranho. Éramos cinco meninas e encontramos uns amigos... E sabe como é, o povo bebe e perde a noção do tempo. Nada do pessoal ir embora. Ficaram horas decidindo para onde iríamos e eu já estava perdendo a paciência. Até que eu, com meu instinto de sobrevivência carioca (hehe), notei que começou a aparecer um pessoal meio esquisito e pensei com meus botões: hora de zarpar! E dei um toque nas meninas. Não deu outra. Pancadaria da feia. Mas escapamos. Quando estávamos indo embora, a polícia já estava a caminho.
Decidimos que iríamos a uma discoteca ali perto e descemos. Uma das meninas, já com os copos, decidiu fazer xixi na rua, essas inconsequências que os bêbados cometem. Outra menina foi acompanhá-la. Até agora me arrependo de tê-las deixado para trás. Não devia ter feito isso, mas essas inconsequências dos bêbados às vezes me irritam. Custava esperar chegar à discoteca? Mas bem, ficamos lá na porta e nada das meninas. Ligamos loucamente... E nada. Rejeitavam as chamadas…. Depois de amaldiçoar nossas amigas, ficamos preocupadas e decidimos ver o que tinha acontecido. Um grupo de caras juntou as duas e levou dinheiro e celulares.
O assalto foi mesmo ao pé do carro da polícia. Mas como policial é igual em todo lugar do mundo, eles disseram que não podiam fazer nada, que elas só podiam prestar queixa. Encontrei uma de minhas amigas aos prantos. Ela começou a dizer que foi um grupo de pretos. Naquele momento, eu tentei abstrair o racismo que eu sei que ela tem e que me incomoda tanto e tentei entender que ela estava passando por um momento difícil. Começou a gritar que odiava pretos… Terrível. Eu disse a ela que os negros cometem mais crimes porque são mais pobres e têm menos oportunidades. Mas esse não foi o melhor momento para conversarmos isto. Deixa para a próxima.
Deixando de lado as questões racistas, eu comecei a me lembrar do primeiro assalto que sofri, pois o assalto de hoje foi o primeiro da minha amiga. Lembrei-me nitidamente como entrei em prantos, de como comecei a chorar e soluçar e de como me senti impotente. Principalmente, como fiquei com medo de morrer. Porque o meu primeiro assalto foi à mão armada, como todos os outros. Só pensava que podia ter morrido ali, naquele momento. Que a vida é efémera e que pode acabar a qualquer momento.
Eu sei que a minha amiga nunca mais vai caminhar nas ruas com a tranquilidade de antes. Eu nunca mais consegui. Mas sinto inveja dessa inocência que se perdeu hoje. Inocência que eu não tenho há muito tempo. Ando sempre atenta. Como um cidadão de qualquer metrópole mundial.

6 comentários:

Agnes R. disse...

Nossa, Bruna!
Sempre achei que Lisboa fosse a mais pacata das cidades europeias...
Mas esse instinto de sobrevivência carioca realmente nos marca. Eu também não ando tranquila em parte alguma deste planeta. Também já fui assaltada algumas vezes, de maneiras as mais bizarras, e estou sempre ligada. Você não escapou à toa desse assalto, pode ter certeza...

uma brasileira disse...

Lamentável...

Unknown disse...

Já fui assaltado algumas vezes. A última foi numa van quando estava indo para uma feijoada na sua casa.

Também já dissuadi dois meliantes de me assaltarem.

Bruna Gala disse...

Hahaha. Eu lembro, Norton. Na kombi, não foi? Que história...

Viviane Alves disse...

Já fui assaltada tantas vezes que já perdi a conta.Algumas com arma de fogo, outras na agressividade..Também nunca mais consegui andar despreocupada pelas ruas.
Na maioria das vezes fui assaltada por pessoas bem vestidas e brancas.

Bruna Gala disse...

Pois é, Vivianne.. Falta de caráter não tem nada a ver com cor ou classe.. Isso é algo que no Brasil a maioria das pessoas tem consciência.. Mas, por aqui, a coisa é meio diferente. Dá nojo.