Bem-vindos!

Sejam bem-vindos a este blog de uma brasileira que vive em Lisboa e "anda" por Portugal. Aqui vocês podem saber quais são minhas impressões desta terrinha lusa.
Lembrem-se: os meus textos estão escritos em português do Brasil, pois a maioria dos meus leitores é brazuca. Mas, com o passar do tempo, já cometo deslizes... Caraças, pá!

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

O Rio

Essa semana, estava falando com um pessoal do Brasil no msn e fiquei pensando na vida… Um deles quase foi assaltado voltando do trabalho, a outra ficou na fila do metrô nada menos que uma hora para comprar o bilhete no dia da chuvarada, o outro estava a dizer que não havia ônibus circulando na Zona Sul no mesmo dia. Tudo isso sem falar no estado dos nossos hospitais públicos, na corrupção, nas favelas, na miséria e em tudo que existe de ruim na nossa Cidade Maravilhosa, que, sinceramente, já não sei se é tão maravilhosa assim.
Morro de saudades da minha cidade, do Rio de Janeiro. Tenho certeza absoluta que não existe noite melhor que a da Lapa, que não existe um povo tão alegre e que não existe nenhuma metrópole no mundo com tanta beleza natural. Outro dia, conheci um português que já viajou o mundo todo, a trabalho e por lazer, e ele me disse, com convicção: o Rio de Janeiro é a cidade mais maravilhosa que eu já conheci. Depois, começou a me falar dos passeios que fez, dos restaurantes que foi, das discotecas… Bem, ele jantou no Mistura Fina, fez o passeio de helicóptero da Lagoa, foi para a Nuth, enfim, só coisa de pobre, né? Mas, como boa suburbana, eu sei que, no Rio, mesmo com pouco dinheiro, a gente se diverte. E muito.
Mas por causa disso a gente tem de se habituar a toda a merda que acontece na nossa cidade? Se habituar à violência? Sair de casa com medo? Nós somos guerreiros sim, todo dia na nossa cidade é uma luta, uma guerra. A gente sai de casa sem saber se volta. Sinceramente, não sei mais se “sou brasileira e não desisto nunca” ou se “sou brasileira e já desisti”. Afinal, o que vale mais? A segurança e ato de andar na rua sem medo ou a alegria do nosso povo e os amigos? Eu estou cansada e não sei mais se consigo me habituar à violência carioca.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

2009 tem de ser o meu ano!

Este ano, termino a minha dissertação de mestrado. Como ela anda? Bem, um pouco mal das pernas… Meus professores de Metodologias de Investigação avisaram-me a respeito dos imprevistos que surgem no decorrer de um trabalho de investigação. Não levei muita fé, mas pronto… Quebrei a cara! Tenho de recolher uma amostra dos telejornais que irei analisar e minha amostra está toda furada!!! Estou cheia de medo de falar com meu orientador, mas dessa semana não passa. Reunião marcada para quarta-feira. Provavelmente, terei de refazer toda a minha amostra, ou seja, todos os telejornais que já gravei não irão servir-me de nada! Sinto-me nervosa, meu olho direito já começou a tremer sozinho, e eu já sei que isso é sintoma de estresse. Mas, como não tenho alternativa, irei utilizar uma nova amostra. Ainda tenho tempo. Como sou brasileira, otimista e acredito em Astrologia, tenho certeza que tudo vai acabar bem, conforme afirma minha revolução solar, ou seja, o mapa astral do meu ano. Fora isso, até que estou adiantada. Agora, tenho de fazer uma amostra séria, arrumar um emprego também sério e tocar minha vida. Essa vida de mestranda… Está a acabar comigo.
Observação: Já não sei mais como escrever. Quando cheguei a Portugal, tive de aprender a escrever como os portugueses. Agora, tenho de esquecer o português do Brasil, esquecer o português de Portugal e aprender o português do acordo ortográfico. Posso surtar?!?

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

O "português de Portugal"

Já fui a algumas entrevistas de emprego para jornalista aqui em Portugal. Notei um certo tom de desconfiança por parte dos empregadores em virtude do fato de eu ser brasileira. Talvez eles pensassem que eu não estava completamente familiarizada com o “português de Portugal”. Entendo perfeitamente a preocupação deles, embora ache tudo isso um pouco injusto.
Mas o meu post de hoje não é sobre isso. Sempre ouvimos, em nosso país, que o brasileiro fala e escreve mal o português. Aqui em Portugal, dizem que falamos “brasileiro”. De início, achei a expressão um pouco esquisita, desconfiada e até mesmo preconceituosa, mas, depois de um ano em Portugal, sinto orgulho por falar “brasileiro”. É bonito. É delicado. É “português com açúcar”.
Não quero comparar o ensino público português com o brasileiro, pois tenho certeza que esta comparação não é possível. Mas posso dizer que eu, assim como vocês, amigos e leitores, pertencemos a um grupo de brasileiros privilegiados, que, em sua maioria, estudou em escolas particulares e teve um ensino, digamos no mínimo, razoável.
Se alguém me perguntar se eu acho que os portugueses falam melhor que os brasileiros, eu direi, sem pestanejar: não! Ambos os povos falam muitas coisas erradas, embora os erros sejam diferentes. Mas as próprias regras gramaticais, muitas vezes, são diferentes.
Em Portugal, as pessoas dizem “mais pequeno”. E ninguém se espanta! Também dizem “a gente vamos, a gente comemos e por aí vai”… Farto-me de rir às vezes… Esses erros são absurdos para qualquer brasileiro que tenha um pouquinho de instrução, certo?
Não quero parecer o Professor Pasquale a falar, mas a regência dos verbos muitas vezes é diferente! O certo aqui é “eu preciso de escrever!”. No Brasil, o verbo precisar só pede preposição quando está ligado a um substantivo, como “eu preciso de uma caneta”. Agora, em “brasileiro”, “eu preciso escrever” é o correto.
O verbo chamar também tem uma regência diferente. Nós, no Brasil, dizemos: “eu o chamei de chato”. Aqui, o verbo chamar não tem preposição. É “eu o chamei chato”. É assim que diz a gramática.
Outra coisa que me causa muito espanto é o uso absurdo de pronomes!!!! É supernormal ouvir frases como “dou-te a ti”, “disse-lhe a ela” e muitas outras nesse gênero. Pô, peraí…. “Dou-te a ti???” É demais para mim. “Dou-te” e ponto. O tu já tá na frase… “Disse-lhe” e ponto. O ela já está ali… Às vezes, só me lembro do Odorico Paraguaçu, de o Bem-Amado, que queria falar “bonito”. Falar bonito é coisa de político. Falar bem é falar de forma clara!!!! Amigos portugueses, vamos matar todos esses pronomes redundantes do português de Portugal, por favor! Isso é quase igual a praga do gerundismo no Brasil.
Bem, esse textinho foi só para vocês saberem que não é só no Brasil que assassinam o português. Aqui também. E o pior é que a maioria das pessoas não têm essa noção, penso eu.