Quando falamos em música brasileira por aqui, é claro que todos conhecem Tom Jobim, Caetano Veloso, Vinicius de Moraes, Elis Regina e tantos outros nomes da nossa MPB. Mas uma coisa é certa: os portugueses também conhecem o funk, o axé e até o “proibidão” de Tropa de Elite. A Tati Quebra Barraco é conhecida por aqui. Sério mesmo. E muitos outros. As meninas da faculdade conhecem uma gama imensa de funks, que nem eu ouvi falar. É engraçadíssimo. O axé também faz um supersucesso. A Ivete, principalmente.
Lá no trabalho, tem uma mulher com um parafuso a menos que fica ouvindo o Rap das Armas versão proibida no MP3 do seu celular e fala do Bope como se o nosso Batalhão de Operações Especiais fizesse parte de sua vida. Hoje ela passou o “proibidão” por bluetooth para o celular do meu coordenador!!! Ele assistiu à Tropa de Elite três vezes. Ela já viu umas cinco vezes e vibra com o “pancadão”. Hoje, disse a ela que tudo isso parece muito engraçado, essa história de uma música que só tem nome de armas, porque isso não acontece no país dela. Não tem apologia ao tráfico, não tem guerra pela posse das bocas de fumo… Porque aqui ninguém morre de bala perdida, ninguém escuta tiros e continua a agir com naturalidade como nós fazemos. Ninguém tem medo de pegar a via expressa de madrugada e ninguém anda agarrado com a bolsa no centro da cidade. Ninguém põe uma parte do dinheiro na meia, a outra no bolso da frente e a outra no bolso de trás. Muita gente nunca foi assaltada. No máximo, um furto… Sinto muita falta de várias coisas, mas não existe nada melhor no mundo que andar sem medo por aí, caminhar por uma rua desconhecida sem receio e andar de transportes públicos de madrugada. Da violência, eu não sinto falta nenhuma. Chego até a perguntar-me como conseguimos lidar com a realidade carioca.
Arte-Terapia e Educação
Há 2 anos