Bem-vindos!

Sejam bem-vindos a este blog de uma brasileira que vive em Lisboa e "anda" por Portugal. Aqui vocês podem saber quais são minhas impressões desta terrinha lusa.
Lembrem-se: os meus textos estão escritos em português do Brasil, pois a maioria dos meus leitores é brazuca. Mas, com o passar do tempo, já cometo deslizes... Caraças, pá!

domingo, 25 de novembro de 2007

As dificuldades portuguesas

Olá, amigos!

Tenho percebido algumas dificuldades que os portugueses enfrentam por aqui. Eles estão no grupo dos países menos desenvolvidos da União Européia e tem uma das taxas de desemprego mais altas do bloco, algo em torno de 8%. Não é nada se compararmos ao Brasil, mas, pra eles aqui, é muito alta. Portugal recebeu elevados investimentos financeiros logo que aderiu à União Européia, mas este privilégio está prestes a acabar. Os próximos beneficiários serão os países do Leste. É este o atual medo dos portugueses: parar de receber este auxílio.

Um dos motivos que aumentam o desemprego é o seguro-desemprego! Um desempregado português pode receber esse benefício por até três anos! É sério. Você pode ficar três anos sem trabalhar e ficar recebendo esse seguro. E muita gente faz isso. Arranjam um emprego de telemarketing, ficam por lá seis meses, são demitidos e ficam três anos recebendo dinheiro do governo.

Em compensação, eles não recebem aquela grande quantia referente à rescisão e ao nosso FGTS. Não podem sacar o FGTS para dar entrada em uma casa, por exemplo. Os imóveis são muito caros. Um apartamento de dois quartos em Lisboa custa não sai por menos de 200 mil euros, e eles não têm como dar uma entrada razoável. Dessa forma, precisam parcelar o valor integral e pagam suas casas em até 50 anos. No Brasil, a Caixa Econômica Federal parcela um imóvel em, no máximo, 30 anos. Cinquenta anos é muita coisa. Eles não sabem nem se estarão vivos quando acabarem de pagar o parcelamento. Além disso, as parcelas não são fixas, variam de acordo com uma taxa de juros da União Européia. Você pode começar pagando 300 euros por mês e ter que pagar 500 euros no mês seguinte. Também é possível pagar parcelas fixas, mas elas podem se estender por tempo indeterminado se a taxa de juros da UE assim determinar. É bem complicada essa situação.

Em função da alta taxa de desemprego, é comum culpar os imigrantes com aquele discurso simplista que diz: "os imigrantes tomam nossos empregos!" Mas não é bem assim. Um imigrante, normalmente, faz o trabalho que um português ou um europeu não quer fazer. Na minha opinião, a Europa não tem futuro sem os imigrantes. A taxa de natalidade deles é muito baixa e as pessoas estão vivendo cada vez mais. Eles também têm um rombo na previdência. A Espanha, por exemplo, resolveu o problema da previdência incentivando a imigração.

Há muitos imigrantes dos países africanos que foram colonizados pelos portugueses por aqui. Eles são do chamado PALOP (Países Africanos de Língua Portuguesa). Eles vivem à margem da sociedade, mas o governo português dá alguns subsídios para eles virem pra cá. Todos falam o português, mas é comum ver grupos de africanos conversando em crioulo no metrô. Os portugueses os criticam, dizem que eles não se integram à sociedade por não falarem o português. Já rolou na Internet um boato, afirmando que estes grupos queriam criar espécies de guetos em Lisboa. Muitas pessoas referem-se aos africanos como os "pretos". Sinceramente, acho isso bem esquisito, acho que no Brasil lidamos melhor com a miscigenação. Por aqui, não se vêem pessoas "misturadas" como no nosso país. Há os pretos e há os brancos. O mais engraçado é que os portugueses foram para o Brasil e fizeram filhos com as índias, com as escravas... Ainda não entendi porque não é assim por aqui.

Mas não pensem que estou falando mal da sociedade portuguesa. Eles têm defeitos e qualidades como nós, que precisam ser resolvidas. Este meu texto é só uma tentativa de mostrar um olhar estrangeiro sobre uma sociedade que é diferente da nossa.

3 comentários:

Pablo Lima disse...

NA HOLANDA os desempregados recebem ajuda do governo por cinco anos!
os noruegueses e suecos talvez recebam por mais tempo ainda!!

abs.

te espero lá no meu blog !
http://umacapitalentrerioemanaus.blogspot.com/

Madame Mim disse...

nos EUA tb é mto raro a miscigenação. Negro é negro, branco é branco. Porém eu notei q os jovens ja são mais abertos, tem amizades com negros, conheci mtos, porém nao vi nenhum casal ela negra e ele branco ou vice versa. E qto aos imigrantes, nossa, é por todo lado! Por exemplo: eu vi mulheres usando burca pela primeira vez na minha vida ao vivo. EUA realmente é um pais de imigração, porém nunca sofri preconceito lá, mto pelo contrario fui mto bem recebida e querida, mas há os que sofrem. Aqui no Brasil, "desde sempre", há a miscigenação, nós ja nascemos nessa cultura "misturada", então temos a facilidade para lidar com isso e estranhamos muito essa segregação.

Agnes R. disse...

Em Paris, os negros também só andam com negros e os brancos com brancos. Foi algo que me chamou logo a atenção. E a coisa é tão séria que eu cheguei a correr riscos uma vez, em plena estação do metrô: havia uma grupo de negros, afastados de todas as outras pessoas, mas perto das cadeirinhas. Como sou preguiçosa, fui direto pra lá, me sentar. Só que, assim que fiz isso, os negros me olharam espantados e teve um que começou a falar alto comigo sem parar. Quase tive um infarto! Quando o metrô finalmente chegou, me joguei lá pra dentro com as pernas trêmulas...