Bem-vindos!

Sejam bem-vindos a este blog de uma brasileira que vive em Lisboa e "anda" por Portugal. Aqui vocês podem saber quais são minhas impressões desta terrinha lusa.
Lembrem-se: os meus textos estão escritos em português do Brasil, pois a maioria dos meus leitores é brazuca. Mas, com o passar do tempo, já cometo deslizes... Caraças, pá!

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

A Amália

Hoje, fui ao cinema assistir uma produção portuguesa sobre a vida da Amália Rodrigues, chama-se “Amália, o Filme”. O filme tem suas falhas, é longo demais, muitos flashbacks, meio confuso… Mas vale a pena.
Na minha opinião, a Amália Rodrigues está para Portugal como a Elis Regina para o Brasil e como a Edith Piaf para a França. Três mulheres inesquecíveis, com vidas trágicas e vozes fenomenais capazes de emocionar qualquer público. Canções que falam de dor, de sofrimento, de amor e de sentimentos. É música que brota, que vem das entranhas... Sem aula de canto, sem protools… O mais natural possível. Poucas pessoas nascem assim.
Em um trecho do filme, Amália, ao ver que as pessoas se aproximavam dela em busca de dinheiro, pergunta ao marido porque ela não pode ter uma vida normal como os outros. Ele responde: “Porque você não é como os outros”. Simples assim. E não era mesmo.
Outro diálogo que eu adorei retrata bem a mulher portuguesa. Um dos admiradores de Amália, um banqueiro português, diz a ela: “Tu não és fácil, pois não?” Ela responde: “Pois não. Sou portuguesa”. As portuguesas tradicionais não são realmente fáceis. São mulheres de fibra e extremamente emocionais. Tenho um exemplo na família. E Amália era assim. Em outra cena, após um concerto na França, um francês diz a ela que iria transformá-la em uma vedete francesa. Com uma cara de nojo e de estranhamento, ela responde: “Mas por quê haveria de ser francesa se nasci portuguesa?” Hahaha. Óptimo! (com “p” mesmo).
O filme também mostra o primeiro encontro de Amália com o ditador português Salazar. A fadista foi acusada, após a revolução, de ser aliada do regime. Muitos outros músicos portugueses lutaram arduamente contra o regime, assim como no Brasil, entre eles José Afonso, Sérgio Godinho e José Mário Branco, mas Amália escusou-se. Para a fadista, sua função não era se envolver na política, ela dizia que apenas queria cantar para o seu povo. Manteve uma relação, digamos, diplomática com Salazar e, após a Revolução dos Cravos, chegou a ser vaiada no palco. O filme mostra o primeiro concerto de Amália após a revolução. Sob acusações de “fascista” e “cantora do regime”, Amália entrou no palco. Em poucos minutos, sufocou os gritos com sua voz e foi aplaudida de pé. É só para quem pode…
O filme vale o preço do bilhete pela vida de Amália, pelas cenas em Lisboa e nas casas de fado, pelos diálogos, pela atriz que interpreta a fadista, pelo primeiro marido de Amália que é um colírio para os olhos (hehe) e pela música, é claro.
Já diz o ditado que “quem não gosta de samba, bom sujeito não é”, mas se você, meu amigo leitor, me disser que não gosta de fado, eu vou achar que você tem uma pedra no lugar do coração.

7 comentários:

Agnes R. disse...

Ah, deu vontade de assistir! Poxa, será que o filme vai passar aqui no Brasil?

Bruna Gala disse...

Não sei mesmo. De repente, passa em algum festival, mas acho difícil que entre em cartaz. Mas, de qualquer forma, depois sai o dvd. Beijo.

Rô Leadebal disse...

O BLOG ESTÁ LINDO AGORA!! PARABÉNS!!... FALANDO EM FILME, JÁ VIU 'QUEIME DEPOIS DE LER'??????

Anônimo disse...

Eu sou portuguesa e adoro fado...a Amália é um dos nossos grandes ícones e será sempre a nossa diva! Mas o que eu ouço mais é o fado da nova geração...aconselho a todos os brasileiros Mariza,Camané, Mafalda Arnauth,Cristina Branco, Raquel Tavares...tantos e tão bons!E, claro, o charmoso Carlos do Carmos...é de uma geração mais velha mas o seu fado é sp jovial!

Bruna Gala disse...

Olá, Lusitana! Eu já fui a um concerto da Mafalda Arnauth e já vi um ensaio do Camané e eles são mesmo fantásticos. Adoro!

Arte-Terapia disse...

Eu não gosto de fado!
E não tenho uma pedra no coração!

eu gosto mesmo é de samba! squidum, squidum, squidum....

Bruna Gala disse...

Hahaha. Pois é, Dani. Mas, quando eu te conheci, me disseram que vc era do metal!!!