Quando estamos no Brasil, conversando sobre política, música e outras trivialidades, é comum falarmos do brasileiro em terceira pessoa. Dizemos: “o brasileiro é burro, não sabe votar, só ouve porcaria... Nunca nos incluímos. Mas, afinal, somos o quê? O que é a dita classe média brasileira? Escutamos bossa nova, mas gostamos do funk. Vamos ao rodízio japonês e no dia seguinte comemos pastel na feira. Quem somos nós para dizermos que não fazemos parte dessa cultura, seja ela considerada boa ou ruim pelos formadores de opinião? Pois digo que fazemos parte sim, e é isso que forma uma unidade, um “eu sou brasileiro” nesse país de dimensões continentais. Rezamos para os santos, jogamos flores para Iemanjá e frequentamos o centro espírita. Quem nunca fez isso?
Aqui, longe do meu país, percebo que o povo brasileiro tem uma unidade, embora sejamos um país com enormes desigualdades sociais. Tenho encontrado muitos brasileiros e conversado com eles. Me identifico com todos eles, sejam pobres, ricos, instruídos… Quando estamos longe do nosso país, começamos a nos considerar brasileiros, a defender nossa cultura e a ter orgulho das qualidades da nossa “nação”. O que vejo e ouço conversando com portugueses é que o imigrante brasileiro é festeiro, trabalhador, alegre, delicado, educado, corajoso e muito mais.
Começo até a ter orgulho da Globo, se é que isso pode ser chamado assim. Fazemos as melhores telenovelas do mundo, que são muito melhores que os enlatados americanos. Somos realmente a Hollywood da TV. Temos que ter orgulho disso e parar de pensar que telenovela é coisa de alienado. Nosso jornalismo é dinâmico e ousado. Nossa publicidade tem uma qualidade superior a de muitos países. Estamos produzindo biodiesel! Tivemos a coragem de eleger um líder sindicalista, embora ele tenha nos decepcionado. Enfim, também temos que lembrar das coisas boas do nosso país. Quem se lamenta todo o tempo são os portugueses. Hehehe.
Arte-Terapia e Educação
Há 2 anos