Bem-vindos!

Sejam bem-vindos a este blog de uma brasileira que vive em Lisboa e "anda" por Portugal. Aqui vocês podem saber quais são minhas impressões desta terrinha lusa.
Lembrem-se: os meus textos estão escritos em português do Brasil, pois a maioria dos meus leitores é brazuca. Mas, com o passar do tempo, já cometo deslizes... Caraças, pá!

terça-feira, 29 de janeiro de 2008

O brasileiro

Quando estamos no Brasil, conversando sobre política, música e outras trivialidades, é comum falarmos do brasileiro em terceira pessoa. Dizemos: “o brasileiro é burro, não sabe votar, só ouve porcaria... Nunca nos incluímos. Mas, afinal, somos o quê? O que é a dita classe média brasileira? Escutamos bossa nova, mas gostamos do funk. Vamos ao rodízio japonês e no dia seguinte comemos pastel na feira. Quem somos nós para dizermos que não fazemos parte dessa cultura, seja ela considerada boa ou ruim pelos formadores de opinião? Pois digo que fazemos parte sim, e é isso que forma uma unidade, um “eu sou brasileiro” nesse país de dimensões continentais. Rezamos para os santos, jogamos flores para Iemanjá e frequentamos o centro espírita. Quem nunca fez isso?
Aqui, longe do meu país, percebo que o povo brasileiro tem uma unidade, embora sejamos um país com enormes desigualdades sociais. Tenho encontrado muitos brasileiros e conversado com eles. Me identifico com todos eles, sejam pobres, ricos, instruídos… Quando estamos longe do nosso país, começamos a nos considerar brasileiros, a defender nossa cultura e a ter orgulho das qualidades da nossa “nação”. O que vejo e ouço conversando com portugueses é que o imigrante brasileiro é festeiro, trabalhador, alegre, delicado, educado, corajoso e muito mais.
Começo até a ter orgulho da Globo, se é que isso pode ser chamado assim. Fazemos as melhores telenovelas do mundo, que são muito melhores que os enlatados americanos. Somos realmente a Hollywood da TV. Temos que ter orgulho disso e parar de pensar que telenovela é coisa de alienado. Nosso jornalismo é dinâmico e ousado. Nossa publicidade tem uma qualidade superior a de muitos países. Estamos produzindo biodiesel! Tivemos a coragem de eleger um líder sindicalista, embora ele tenha nos decepcionado. Enfim, também temos que lembrar das coisas boas do nosso país. Quem se lamenta todo o tempo são os portugueses. Hehehe.

sábado, 26 de janeiro de 2008

Saudades gastronômicas

Em Portugal, come-se muito bem! É a mais pura verdade. Mas come-se bem a comida portuguesa. Só para ficar registrado, aqui não tem ou não vende: pastel, pão de queijo, brigadeiro que preste (eles põem leite!), feijão bem temperado, picanha decente, couve mineira, carne seca com aipim, frango à passarinho, baião de dois, queijo coalho, torta de limão, cachorro quente com molho, linguiça de churrasco, farofa, beijinho, casadinho, manteiga de garrafa, caldo de feijão, sopa de ervilha e por aí vai. Por isso, quando vierem me visitar, não se aventurem pelos ditos restaurantes brasileiros. Comam comida portuguesa, essa sim, feita por quem sabe das coisas. Também não comam bolos, são todos secos, duros… Um horror.. As pizzarias daqui oferecem gelatina como sobremesa! Nada de mousse de chocolate… Rs. Enfim, em Portugal, comam sardinhas, bacalhau, chouriços, açordas, novilho, leitão e pastéis de nata!

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

A ética jornalística

Os organismos de regulação da mídia portuguesa têm uma especial preocupação com a ética jornalística, ao contrário do que ocorre no nosso país. As chamadas normas deontológicas dão credibilidade às publicações locais, até mesmo a TV e o rádio destinam espaço ao chamado provedor, que nada mais é que o ombudsman. Para quem não sabe, ombudsman é um profissional contratado por um órgão, no caso, os órgãos de comunicação, que tem a função de receber críticas, sugestões, reclamações e deve agir em defesa imparcial da comunidade. Para isso, algumas questões têm de ser observadas com muito cuidado. O ombudsman tem um mandato de, no máximo, dois anos, improrrogável. Geralmente, é um jornalista de longos anos de carreira, renomado, e não tem qualquer vínculo profissional para a empresa a qual presta seus serviços. Ele recebe reclamações de leitores, espectadores e ouvintes e analisa se o fato noticiado pelo órgão de comunicação para o qual trabalha foi apresentado com a imparcialidade exigida e sem o famigerado sensacionalismo. Nos jornais, o ombudsman costuma ter páginas fixas nas publicações e estas destinam-se a uma discussão sobre os padrões éticos e deontológicos dos produtores de informação. No Brasil, alguns jornais, entre eles, a Folha de São Paulo, têm esse espaço e alguns sites, como o UOL também. Aqui em Portugal, isso é comum. O provedor da TV pública portuguesa tem um programa no qual fala sobre a ética da própria emissora. O alcance de um programa sobre esse assunto é bem mais abrangente que páginas nos jornais, que, normalmente, são lidas apenas pelos assinantes. Tudo isso me faz acreditar que a existência de um outro jornalismo ainda seja possível.
Mas é claro que nem tudo são flores. O sensacionalismo também tem seu espaço por aqui. O caso da menina inglesa Maddie que desapareceu enquanto a família passava férias no Algarve foi explorado infinitamente pela imprensa portuguesa e ainda continua a ser. Sem desmerecer o fato, milhares de crianças desaparecem em Portugal e em todos os lugares do mundo, mas Maddie atraiu a atenção de todos por seu rosto angelical de menina inglesa, loirinha de olhos azuis. Sua foto vende.

New job!

Como vocês sabem, saí daquele emprego de telemarketing. Aquilo não era para mim. Não sou de RH, mas sei qual é o meu perfil. Agora estou em uma empresa de estudo de mercado, de sondagem de opinião, tipo o nosso Ibope. Faço pesquisas por telefone, trabalho bem mais tranquilo, apesar de não ser fácil, pois as entrevistas são muito longas. Mas, pelo menos, tenho um fixo e ganho mais um valor por cada entrevista. Meus colegas de trabalho são divertidíssimos, rimos bastante com as desculpas dos entrevistados… Esta semana, também fui a uma entrevista para jornalismo. Aos poucos, as oportunidades começam a surgir. Preciso de sorte e de cunhas! Cunha é o nosso famoso QI. Estou fazendo amizade com os professores, dedicando-me, buscando uma brecha para infiltrar-me no bendito sistema, que, ao longo dos anos, tem insistido em boicotar-me.
No trabalho, estou fazendo uma pesquisa sobre telecomunicações, mais especificamente sobre empresas de telefonia celular, sobre a rede fixa e sobre serviços por cabo. Fico impressionada com as respostas das pessoas. Nós realmente somos massacrados pela tecnologia. Me digam: qual é o propósito de termos um celular de terceira geração, os chamados 3G, que permitem a execução de videochamadas, se não usamos este serviço? É isto que a tecnologia faz, foi o que pude comprovar nas entrevistas que fiz. Cada vez mais, temos celulares com serviços que não utilizamos, computadores que possuem uma tecnologia que não usamos e que estará obsoleta daqui a um ano. Mas temos que continuar comprando. Nada me tira da cabeça que os celulares, computadores, Ipods, Iphones e afins já estão bem mais evoluídos dos que os que encontram-se no mercado, mas não são postos à venda para irmos comprando aos pouquinhos e gastando o dinheiro que nos custa ganhar.

quarta-feira, 2 de janeiro de 2008

A passagem de ano

Acharam estranho a expressão "passagem de ano"? Pois é assim que chamam aqui a nossa virada, o nosso reveillón. É algo como passagem "dano", tudo meio junto. Minha passagem de ano foi bem tranquila, fui à casa de uma amiga brasileira e comemos muito. Sem festança, sem me vestir de branco, mas foi legal. Aqui as pessoas não se vestem de branco na virada. Os pedidos são feitos com passas, comemos 12 passas em cima da cadeira, todos segurando em uma nota de 50 euros para termos muito dinheiro em 2008. O ideal seria uma nota de 100, mas essa é difícil de encontrar. Não vi muitos fogos, mas fiquei impressionada com uma tradição que eles têm por aqui. À meia-noite, todos batem as panelas na janela, é um barulho muito legal. Gostei.
A Praça do Comércio, no Terreiro do Paço, teve concertos (shows) e na Expo teve queima de fogos. Estava muito frio no dia 31. Minha garganta não estava muito boa, por isso decidi passar em casa.
Vimos o reveillón dos Gatos Fedorentos na RTP. São humoristas, se parecem um pouco com o Casseta e Planeta nos áureos tempos. Mas é algo politicamente incorretíssimo, os caras são hilários. Os portugueses muitas vezes me surpreendem, me espanto como os Gatos têm espaço na TV, e ainda é na TV pública! Um humor desse tipo nunca seria permitido na TV brasileira. A TV brasileira é muito politicamente correta.
Ah, e Woody Allen e seu grupo de jazz se apresentaram no Cassino Estoril. Dava tudo para estar lá. O traje era smoking e tinha faisão no menu. Tudo isso pela bagatela de 500 euros. Algo impossível. Mas imaginem! Ficar lado a lado do mestre. Ele com seu clarinete.. Ia me sentir uma personagem de seus filmes.. Mas não foi desta vez.